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Projeto pioneiro cria aplicação móvel para prevenir e tratar doença arterial periférica

13 maio 2021

O projeto WalkingPAD tem como objetivo estudar e desenvolver um programa de exercício em ambulatório, para educação e corresponsabilização do doente com Doença Arterial Periférica (DAP). A nova tecnologia WalkingPAD, acessível através de uma aplicação móvel, complementada com uma plataforma web, integra tecnologias móveis e sistemas de localização geográfica, permitindo criar e supervisionar um plano de exercício individualizado para cada doente, em todo semelhante aos programas de reabilitação hospitalares.

Neste sentido, o projeto promove uma medicina personalizada realizada na comunidade, através da educação e motivação do doente, com supervisão remota, sendo muito atrativo por ser feito no ambiente familiar do doente. O projeto pretende aumentar a adesão dos doentes ao exercício físico, assim como a distância média percorrida sem dor, resultante da isquemia muscular, e o bem-estar geral, físico e psicológico.

Esta nova estratégia terapêutica centrada, que irá abranger 120 doentes do Centro Hospitalar Universitário do Porto, tem enorme potencial de replicabilidade, implementação e aplicabilidade em todos os doentes com patologia cardiovascular, para além da doença arterial periférica. A tecnologia WalkingPAD contribui para que o exercício passe a ser prescrito como uma ferramenta fundamental, não só na intervenção, mas também na prevenção da doença física e/ou mental.

O WalkingPAD Está a ser desenvolvido pelo Serviço de Angiologia e Cirurgia Vascular do Centro Hospitalar Universitário do Porto, em conjunto com o Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência (INESC TEC) e o Centro de Investigação em Desporto, Saúde e Desenvolvimento Humano (CIDESD) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), sendo financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia e cofinanciado pelo Norte2020.

Ivone Silva, Cirurgiã Vascular no CHUP, Professora Associada Convidada do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), investigadora da Unidade Multidisciplinar de Investigação Biomédica (UMIB) também sediada no ICBAS e, ainda, investigadora principal e responsável pela implementação da nova tecnologia nos doentes do CHUP, salienta que "É necessário melhorar a aposta na prevenção da progressão da doença arterial periférica investindo em programas de reabilitação. A grande vantagem do WalkingPAD face a outros programas é a de ser um programa participativo de exercícios atrativos por serem feitos num ambiente familiar, personalizados, eficazes, de baixo custo e risco, superior ao realizado a nível hospitalar.”

Susana Pedras, psicóloga Clínica e da Saúde, Doutorada em Psicologia Aplicada, investigadora da FCT, gestora do projeto, é responsável pela intervenção motivacional de mudança comportamental que pretende aumentar a adesão dos doentes com DAP a uma prescrição de exercício físico; “Estes doentes são, na generalidade, pessoas sedentárias que, devido à dor, evitam qualquer tipo de atividade física”. O papel da intervenção psicológica é desenvolver formas de motivação mais autónomas, através da promoção e desenvolvimento de nutrientes psicológicos - as necessidades psicológicas básicas de qualquer ser humano - a necessidade de se sentir competente, autónomo, e a necessidade de relacionamento/vínculo social. “Não pretendemos apenas que o doente adote um novo comportamento mas, sobretudo, que mantenha o comportamento a longo prazo”.

Hugo Paredes do INESC TEC, co-investigador responsável do projeto refere que “o WalkingPAD prioriza tecnologias avançadas, nomeadamente biométricas permitindo desta forma um avanço em termos de precisão, custo, facilidade de utilização/adesão, a garantia de privacidade, diagnóstico e tratamento via monitorização inteligente, e conhecimento do estado de saúde/doença. A utilização de algoritmos de inteligência artificial para a descoberta de padrões no caminhar na DAP aufere ao WalkingPAD a capacidade de recomendar paragens aos doentes quando a dor claudicante se intensifica, evitando situações extremas.”

Catarina Abrantes, investigadora do CIDESD-UTAD destaca que “As novas tecnologias de captura e processamento de dados contínuos possibilitam a monitorização personalizada da dose da caminhada em cada sessão de exercício e em cada semana”.

 

 

SOBRE A DOENÇA ARTERIAL PERIFÉRICA

A Doença Cardiovascular é considerada a principal causa de morte em todo o mundo. O estudo Global Burden of Disease de 2013 estimou que esta foi responsável por 31,5% de todas as mortes globalmente. Por usa vez, a Doença Arterial Periférica (DAP) dos membros inferiores é uma doença cardiovascular comum que afeta 27 milhões de pessoas na Europa e Estados Unidos.

A DAP é caracterizada por uma deficiência do fluxo sanguíneo para as artérias das pernas devido à doença aterosclerótica, cuja principal consequência é a presença de sinais e sintomas característicos de falta de sangue. Estima-se que um quinto das pessoas com mais de 60 anos tenha esta doença. Se não for tratada atempadamente pode em última circunstância levar à amputação dos membros inferiores.  Além disso, esta doença é ainda um fator potencial para o aumento de eventos cardiovasculares, morbilidade e mortalidade de outras doenças cardiovasculares tais como as do foro cardíaco e cerebrovasculares.

A claudicação intermitente é o sintoma mais frequente e traduz-se em dor nos músculos das pernas, provocada pelo exercício (caminhada) e aliviada com o descanso. A distância de caminhada vai diminuído continuamente, e leva a um estilo de vida sedentário, diminuindo a aptidão física e aumentando o risco cardiovascular a longo prazo. Consequentemente verifica-se uma crescente morbidade, mortalidade e redução da qualidade de vida.

Embora a Doença Arterial Periférica seja crónica existem tratamentos eficazes na diminuição e controlo das limitações causadas pelos seus sintomas. Estes tratamentos envolvem o controle dos fatores de risco e de um programa de exercício físico (caminhada) regular. Estes são atualmente definidos como tratamento de primeira linha nestes doentes. Se cumprido, diminui significativamente o número de doentes a necessitar de tratamento cirúrgico, com os custos pessoais, socioeconómicos, de hospitalização com a morbilidade e mortalidade associados. De salientar que, se não tratados, estes doentes são fortes candidatos a amputação do membro inferior.

 

Para mais informações:

Eunice Oliveira

Serviço de Comunicação                                                                                                                  

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Porto, 13 de maio de 2020