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Artigo

INESC TEC em projeto europeu para aumentar integração de fontes de energia renováveis

O mais recente projeto europeu em que o INESC TEC participa chama-se EU-Sysflex e arrancou no mês de novembro.

15 dezembro 2017

Ao todo, e até 2021, vão ser investidos €26,4M para aumentar a integração de fontes de energia renováveis na Europa, 20 milhões dos quais financiados pela Comissão Europeia. Bernardo Silva e Ricardo Bessa, investigadores do Centro de Sistemas de Energia (CPES) do INESC TEC, estiveram em Dublin para a reunião de arranque deste projeto que reúne 34 instituições pertencentes a 14 países europeus.


Os objetivos do EU-Sysflex

A Comissão Europeia tem como objetivo que até 2030, pelo menos, 50% da energia existente na Europa seja proveniente de fontes renováveis, maioritariamente eólica, solar e hídrica.

É nesse sentido que o EU-Sysflex vai, até outubro de 2021, trabalhar na identificação e avaliação dos desafios técnicos e no desenvolvimento de estratégias técnicas, de mercado e de regulação que permita identificar, quantificar e tirar partido das flexibilidades existentes no sistema elétrico pan-europeu.

Todo este trabalho vai ser feito para que se possa garantir a máxima integração de fontes renováveis na Europa assegurando que a operação e abastecimento do sistema elétrico é feita de forma otimizada, tirando partido das flexibilidades existentes no sistema elétrico.O projeto vai então focar os seus desenvolvimentos em modelos que permitam aos operadores de sistema estimar a verdadeira flexibilidade existente, assim como ferramentas para a inclusão das flexibilidades em ambiente de mercado, permitindo com isso otimizar a operação dos sistemas elétricos e integrar mais fontes renováveis.

E o que são essas flexibilidades? As flexibilidades do sistema elétrico consistem na possibilidade de se alterar o seu funcionamento convencional, de modo a apoiar a operação.


Oito áreas de demonstração – uma em Portugal

Oito áreas de demonstração vão ser criadas na Europa para validar todas as ferramentas que estão a ser desenvolvidas no âmbito do EU-Sysflex – Portugal, Alemanha, Itália, Finlândia, França, Estónia, Letónia e Polónia.

Em Portugal, vai ser criado o “Virtual Power Plant”, localizado na barragem de Venda Nova III, no distrito de Vila Real, e nos parques eólicos situados na proximidade. Este mecanismo vai permitir controlar a produção da barragem hídrica de acordo com as variabilidades do recurso eólico, de uma forma coordenada.

“Imaginemos que num determinado momento não há vento suficiente para injetar na rede elétrica, esta plataforma vai permitir perceber isso e dar ordens para que se turbine água da barragem, como se de uma central única se tratasse”, explica Bernardo Silva.



créditos das fotos: EDP

Para além do “Virtual Power Plant”, o demonstrador português está também a desenvolver uma ferramenta chamada “Flexibility Hub”, que vai funcionar como um facilitador de mercado, coordenado pelo operador da rede de distribuição, que fornece validações técnicas paras as flexibilidades mobilizadas pelo operador da rede de transmissão. INESC TEC, EDP Distribuição, EDP CNET, EDP Produção, Siemens e Électricité de France (EDF) são as instituições que vão trabalhar no demonstrador português.
Qual o benefício para os consumidores?

“Com todo o investimento que tem sido feito na área da energia e nos desenvolvimentos técnicos que daí têm surgido, apareceram também novos papéis, nomeadamente para os consumidores. Há uns anos os consumidores eram atores passivos, hoje em dia não é nesse sentido que se trabalha, mas sim no papel ativo. Nesse sentido, vão ser desenvolvidos modelos representativos das redes de distribuição, que vão modelizar as flexibilidades existentes, sendo posteriormente incluídos em ferramentas de análise dos operadores de rede de transmissão, permitindo uma operação otimizada do sistema elétrico e uma maior penetração de fontes renováveis”, esclarece o investigador do CPES.

Assim, não só o operador da rede elétrica, mas também o consumidor, pode ser flexível, em caso de necessidade, podendo, por exemplo, reduzir o seu consumo para evitar congestionamentos na rede. Vai ser possível passar a haver armazenamento de energia ao nível doméstico, que poderá ser mobilizado com o objetivo de aumentar a penetração de renováveis.

“O EU-SYSFLEX pretende trabalhar ferramentas de gestão das redes que permitam uma inclusão benéfica das tais flexibilidades na operação dos sistemas elétricos, nomeadamente perante cenários de elevada penetração de renováveis”, refere Bernardo Silva.


E para os operadores e distribuidores da rede elétrica?

Os operadores do sistema elétrico, quer ao nível da transmissão como distribuição, passam a dispor de ferramentas que permitirão melhorar a quantificação das flexibilidades existentes, incluir as flexibilidades na análise dos sistemas elétricos e participar em serviços de sistema com a flexibilidade, quer na perspetiva de mercado, quer na perspetiva de entrega física das mesmas.
O papel do INESC TEC no EU-Sysflex

O INESC TEC vai participar em várias tarefas ao longo do projeto, começando logo pelo desenvolvimento de modelos dinâmicos de ordem reduzida de redes de distribuição com ativos de flexibilidade, que serão posteriormente incluídos na análise de estabilidade do sistema elétrico pan-Europeu.

O Instituto vai também integrar um pacote de trabalho que tem como objetivo desenvolver “use cases” para a construção de mercados de flexibilidades, onde será necessária a identificação dos serviços de suporte à rede, assim como estratégias de remuneração das flexibilidades fornecidas.

Para além disso, e como já foi referido anteriormente, o INESC TEC vai estar envolvido no demonstrador português.

A equipa do CPES que está a trabalhar no projeto é composta por Bernardo Silva, Carlos Moreira, João Peças Lopes, José Villar, Nuno Fulgêncio e Ricardo Bessa.


Os parceiros do projeto

Os 14 países envolvidos neste projeto são Portugal, Irlanda, Polónia, Letónia, Estónia, Alemanha, Reino Unido, França, Suécia, Itália, Bélgica, Eslováquia, Noruega e Espanha.

Coordenado pela EIRGRID (Irlanda), o EU-SysFlex conta com os seguintes parceiros: Soni, Limited, University College Dublin, Imperial College London, Upside Energy, Limited, Pöyry Sweden AB, Electricité de France, AKKA Informatique et Systèmes, Polskie Sieci Elektroenergetyczne operator SA, Narodowe Centrum Badan Jadrowych, Elering AS, Guardtime A.S., Tartu Ulikool, AS Augstsprieguma Tikls, innogy SE, ENERCON GmbH, Fraunhofer – IWES, Universität Kassel, Helen Oy, Teknologian tutkimuskeskus VTT Oy, EDP Distribuiçao Energia SA, CNET – Centre for New Energy Technologies SA, INESC TEC, Siemens AG, e-distribuzione SpA, Ricerca sul Sistema Energetico SpA, Vlaamse Instelling voor Technologisch Onderzoek NV, Katholieke Universiteit Leuven, Zabala Innovation Consulting SA, I-Europa SRO, Enoco AS, Cybernetica AS, Elektrilevi OÜ e Fundación ESADE.

Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e à UP-FEUP.