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Portugueses entre especialistas internacionais que lançaram normas para o uso de inteligência artificial no diagnóstico de cancros digestivos

Chama-se QUAIDE, ou Quality Assessment of pre-clinical AI studies in Diagnostic Endoscopy, e é um estudo desenvolvido para assegurar que os estudos pré-clínicos de IA sejam conduzidos e relatados de maneira consistente e confiável, facilitando a integração da IA na prática clínica. O estudo - publicado na revista Gut, que pertence à Sociedade Britânica de Gastroenterologia - envolveu vários elementos da Sociedade Europeia de Endoscopia Digestiva, em parceria com vários parceiros de áreas tecnológicas (engenharia, informática, inteligência artificial).

Mário Dinis Ribeiro, coordenador da equipa do IPO do Porto que contribuiu para o estudo, explica que “a endoscopia digestiva assume um papel fundamental no diagnóstico precoce de cancro digestivo e, por isso, na redução da mortalidade por esta doença.” O especialista garante que “a IA tem um grande potencial para melhorar a qualidade da endoscopia digestiva, mas a sua adoção na prática clínica está limitada pela falta de instruções rigorosas e metodologias de desenvolvimento que garantam a generalização dos resultados obtidos nos estudos pré-clínicos”.

Para dar resposta a estes desafios, 32 especialistas internacionais juntaram-se para propor “recomendações para guiar os novos desenvolvimentos de algoritmos de IA para esta área, destacando a importância de normas rigorosas que garantam que os avanços em IA na endoscopia gastrointestinal possam ser aplicados de forma segura e eficaz em contextos clínicos”, assegura Miguel Coimbra, investigador do INESC TEC e docente na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.

Utilizou-se a metodologia Delphi para alcançar consenso sobre 18 recomendações-chave e, neste processo de discussão, adianta, “foi fundamental ter equipas com diferentes perfis técnicos, mais concretamente de perfil clínico (IPO Porto) e de perfil tecnológico (INESC TEC), para que as recomendações pudessem incorporar estas diferentes dimensões, aumentando o seu rigor e, acima de tudo, o seu potencial impacto”.

Fornecer descrições completas do processo, garantir diversidade na qualidade de dados, evitar o viés de seleção de pacientes, declarar os padrões de referência usados, a arquitetura do algoritmo, as implicações forças, limitações do sistema de AI são algumas dessas recomendações.

Mário Dinis Ribeiro acredita que este trabalho “é fundamental para garantir que todos os novos desenvolvimentos de IA para endoscopia gastrointestinal possam ser desenhados e implementados de forma normalizada, credível e rigorosa, para chegarmos a tecnologias com potencial de impacto clínico e de adoção em realidade clínica”.

Trata-se de “armas cruciais para gerirmos uma quantidade de doenças e complicações associadas ao trato gastrointestinal”, acrescenta, destacando os cancros associados a estas regiões anatómicas, que ocupam lugares cimeiros nas taxas de incidência e mortalidade, tais como o cancro gástrico, colorretal e esófago.

O estudo deu origem a um artigo que já está publicado na revista científica internacional Gut, especializada em gastroenterologia e hepatologia. Pode ser consultado aqui.