No espaço de quatro anos, José Príncipe vota a ser galardoado por uma sociedade técnica mundial com 370 mil membros. O cientista trabalha nos EUA desde 1985 mas continua com ligações a Portugal. Ele dedica a sua pesquisa ao Diálogo entre cérebro e máquina.
Dirige o Laboratório de Neuroengenharia na Universidade da Florida e é considerado um dos maiores inovadores no estudo das respostas cerebrais e da interacção destas com "uma" máquina. José Carlos Príncipe tem dedicado a parte mais substancial das suas pesquisas associando a engenharia à biologia, em particular à neurologia Esta associação leva à neuroengenharia computacional, ramo de especialização recente para cujo nascimento contribuiu nas últimas décadas.
Um dos seus focos de atenção de José Carlos Príncipe tem sido a epilepsia. Mas, agora, centra-se sobretudo no estudo do tempo e da forma como um computador interpreta sinais emitidos pelos neurónios do cérebro de um animal e devolve essa interpretação já transformada como acção de um braço robótico. O cientista quer diminuir ao máximo esse tempo de resposta entre animal e máquina para o assemelhar à fracção de cem milésimos de segundo que o cérebro humano leva entre pensar um gesto comum e fazê-lo.
José Carlos Príncipe esteve há dias no Porto, cidade onde retorna por cerca de três meses em cada doze e onde foi, este ano, consultor do INESC Porto (Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores do Porto). Durante a sua estada, as solicitações foram muitas, para falar de ciência e receber estudantes de doutoramento e outros cientistas. Gente da biomedicina e também especialistas em controlo e processamento de dados. "Quando estou aqui, as pessoas gostam muito de falar comigo", admite, ao desculpar-se do seu tempo cronometrado.
"Tenho o fascínio pelo modo como os organismos vivos estão organizados", diz, para explicar a forma como partiu de um curso de engenharia electrónica na Universidade do Porto e de aulas nessa área dadas na Universidade de Aveiro para um doutoramento, nos EUA sobre quantificação automática de ondas cerebrais na epilepsia, isso já em 1976. "A biologia é, em si, absolutamente extraordinária", acrescenta, com o resumo do que se tem proposto ao contribuir para o desenvolvimento da neuronengenharia computacional: "Ainda são desconhecidos os princípios de como o cérebro processa a informação e há que ver como a engenharia poderá copiar esses princípios".
Nas experiências feitas pelo seu laboratório da Florida é investigada a forma como dois sistemas inteligentes, um animal (macaco com eléctrodos no cérebro) e um computador, ligados em circuito fechado, partilham informação para executar uma acção. Trata-se de estabelecer um interface simbiótico cérebro/máquina.
Para esta pesquisa, a equipa de José Carlos Príncipe analisa a actividade cerebral, já não tanto com recurso a imagens de ressonância magnética, mas a sinais eléctricos, que permitem ver com maior precisão os tempos de resposta do cérebro a um estímulo.
Jornal de Notícias, 2 de Agosto de 2011
05 agosto 2011
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