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Artigo

Terminou projeto que fez avançar a exploração do fundo do mar de forma contínua

A exploração de recursos subaquáticos a grandes profundidades é um desafio, pois exige que existam capacidades sustentáveis para controlar, observar, navegar e transportar informação.

14 agosto 2019

Foi para responder a este desafio que o INESC TEC, através do Centro de Robótica e Sistemas Autónomos (CRAS), se juntou ao Instituto Superior de Engenharia (ISEP), à empresa A. Silva Matos Metalomecânica, à Marinha e ao IPMA, para desenvolver o projeto SIDENAV - Smart Infrastructure for Deep Sea Navigation, que teve a cerimónia de encerramento no 10 de julho. Esta cerimónia incluiu uma sessão pública de apresentação de resultados, bem como uma demonstração executada ao largo do Porto de Sesimbra.

O desafio imposto pelo fundo do mar

Aproximadamente 70% da superfície da Terra é coberta por água, mas atualmente conhece-se menos de 10% dos fundos marinhos além dos 200 metros de profundidade (Organização Nacional Francesa de Hidrografia). O solo e subsolo marinho português encontra-se em geral a uma grande profundidade (aproximadamente 4000 m), o que dificulta a sua exploração. Conhecer melhor o fundo marinho permitiria mapear zonas e relevos, saber mais sobre os recursos marinhos disponíveis ou até perceber a origem de alguns fenómenos naturais.

O projeto SIDENAV teve como objetivo o desenvolvimento de um demonstrador capaz de validar e aplicar a tecnologia desenvolvida no âmbito do projeto TURTLE e que consiste na criação de uma infraestrutura móvel subaquática recolocável, que, por um lado, garante a localização de equipamentos subaquáticos e máquinas industriais em situação de operação (por exemplo: inspeção de infraestruturas, mineração debaixo de água, etc.), e, por outro, é capaz de monitorizar o impacto deste tipo de operações no meio. 

O robô TURTLE, a primeira plataforma robótica submarina de águas profundas totalmente desenvolvida em Portugal, serve não só propósitos civis, transportando um conjunto de sensores que permite a monitorização oceanográfica, mas também militares, tendo capacidade para permanecer no mar autonomamente por longos períodos de tempo. 

A demonstração do sistema de localização subaquática  

Foi com o apoio da Marinha Portuguesa que a equipa SIDENAV seguiu, pela primeira vez, a bordo do navio NRP Almirante Gago Coutinho, uma embarcação destinada especificamente a apoiar missões ligadas à investigação científica. A equipa esteve embarcada desde dia 8 de julho para testes e verificações finais. O objetivo ao longo destes dias de testes era avaliar se um grupo de robôs TURTLE era capaz de localizar um outro robô à superfície, que neste caso foi o EVA. E esse objetivo foi cumprido. 

Em primeiro lugar, três plataformas TURTLE, infraestruturas móveis de localização, transportaram diversos tipos de sensores, capazes de monitorar o meio envolvente. Estas criaram uma espécie de uma rede de satélites que permitem a navegação robótica autónoma por longos períodos de tempo em profundidades que podem chegar aos 1000m. Depois, foi lançado o robô EVA, um veículo submarino autónomo (AUV), desenvolvido pelo INESC TEC para suporte à atividade de mineração, e que serviu de pretexto para o trabalho de orientação dos TURTLE. 

“Um exemplo das aplicações deste projeto é que podemos apoiar uma máquina de mineração no fundo do mar, ajudando ao seu posicionamento”, explica Hugo Ferreira, um dos investigadores do CRAS associados ao projeto. “Assim, não só demonstramos o SIDENAV, como também todas as capacidades que o INESC TEC tem e que vão muito além do TURTLE.”

Até agora os sistemas de localização eram colocados no fundo do mar sem possibilidade de nova recolocação. Esta nova tecnologia permite o avanço na exploração do fundo do mar de forma mais contínua, respeitando a necessidade de mover a área de trabalho. Os TURTLE, para além de se poderem mover para uma nova posição, definindo uma nova área de trabalho, vão permitir subir e descer a recolha de dados na coluna de água de forma fácil e poderão integrar outro tipo de sensores igualmente importantes para monitorizar os oceanos.

sidenav

Financiamento e Parceiros

A equipa INESC TEC do projeto foi constituída por Hugo Ferreira, Nuno Dias, Luís Lima, António Ferreira, Bruno Matias, José Almeida, Alfredo Martins e Eduardo Silva.

O projeto SIDENAV foi financiado pelo programa Portugal2020 e o pelo COMPETE2020, no âmbito do Sistema de Apoio à Investigação Científica e Tecnológica (I&DT Empresarial), que resultou num incentivo total que ultrapassa os 1.200 mil euros. O consórcio foi constituído por A. Silva Matos Metalomecânica, INESC TEC, Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP), Centro de Investigação Naval (CINAV) e IPMA (Instituto Português do Mar e da Atmosfera).

O SIDENAV vai assim ao encontro da Estratégia Nacional para o Mar (ENM2013-2020), que assenta num modelo para o desenvolvimento sustentado, orientado pela proposta da Comissão Europeia para o setor marítimo designada “Crescimento Azul”.
 

Os investigadores do INESC TEC mencionados na notícia têm vínculo ao INESC TEC e ao P.Porto-ISEP.