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Artigo

Quer saber tudo acerca do calçado que está a comprar? O INESC TEC criou uma solução de rastreabilidade

No âmbito do projeto Bioshoes4All, o INESC TEC está na fase final de desenvolvimento de uma solução de rastreabilidade que permite acompanhar o ciclo de vida do calçado desde a matéria-prima até ao produto final. A grande vantagem deste sistema é que tira partido dos dados que já estão a ser registados nos sistemas das empresas, usando-os de forma automática para criar o registo completo de rastreabilidade.

30 junho 2025

Imagine que precisa de comprar um par de sapatos. Mesmo que procure um produto made in Portugal, alguma vez se perguntou de onde vem a matéria-prima? Em quantos pares de sapatos foi usada a mesma peça de couro? Como é que foi produzido? Os materiais usados são recicláveis?

A maioria das soluções de rastreabilidade hoje obriga as empresas a usar uma plataforma externa onde precisam inserir dados manualmente: “quando recebi este material”, “quando usei este lote”, “quando embalei este produto”. O INESC TEC está a construir uma arquitetura que promete transformar este processo. Como?  Tirando partido dos dados que já estão a ser registados nos sistemas da empresa.

“Já temos total integração com os sistemas de informação das empresas do consórcio e já alguns exemplos reais que serão apresentados dia 3 de julho. Isto poupa tempo, evita duplicação de tarefas e melhora a qualidade dos dados.”, explica Ricardo Ferreira, investigador do INESC TEC.

O desenvolvimento desta ferramenta enfrentou vários desafios que são comuns à realidade da indústria do calçado. Desde a necessidade de garantir a soberania dos dados – assegurando que cada empresa mantém o controlo total sobre as suas informações – até à dificuldade em normalizar a informação recolhida nos diversos sistemas. Há também obstáculos mais técnicos como evitar o aumento da carga de trabalho dos colaboradores com a integração com sistemas já existentes, assegurar que cada produto tenha um identificador único e que a informação seja acessível de forma simples e intuitiva ou garantir a existências de metodologias claras para a digitalização de processos como a receção de matérias-primas ou a gestão de lotes logísticos.

Para ultrapassar estes entraves, a solução proposta aposta em padrões de identificação que permitem aceder rapidamente a informações detalhadas sobre cada produto, uma arquitetura distribuída que garante segurança e controlo, e na interoperabilidade como princípio estrutural, reduzindo a necessidade de alterações profundas nas infraestruturas informáticas das empresas. “Ao mesmo tempo, a ferramenta está já a ser desenhada em conformidade com o futuro Passaporte Digital do Produto, respondendo às exigências crescentes de transparência e rastreabilidade ao longo do ciclo de vida dos produtos”, adianta o investigador.

Com um desenho assente na flexibilidade, esta solução mostra-se escalável e adaptável a empresas com diferentes níveis de digitalização. A grande vantagem é permitir que as empresas controlam a sua a sua própria informação sem comprometer a interoperabilidade do sistema.

“Empresas menos digitalizadas podem começar por usar QR Codes para identificar produtos e, à medida que avançam na sua transformação digital, evoluir para modelos mais completos de rastreabilidade. Esta arquitetura não só se antecipa às futuras regulamentações europeias como também reforça práticas ligadas à economia circular, promovendo a manutenção, reutilização e reciclagem dos produtos”, acrescenta Ricardo Ferreira.

Do laboratório para a fábrica, esta ferramenta pode vir a ser tão essencial no setor do calçado como o GPS é nos dias de hoje, dando-nos as indicações que precisamos.

 

O investigador mencionado na notícia tem vínculo ao INESC TEC.