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Artigo

INESC Brussels HUB quer colocar INESCs no mapa europeu e internacional

Entrevista a Ricardo Miguéis, Head of the Brussels Office.

04 outubro 2019

O recém-criado INESC Brussels HUB representa cinco organizações da holding INESC – INESC TEC, INOV INESC, INESC ID, INESC MN e INESC Coimbra – que unem esforços para garantir uma representação profissionalizada que “coloque o INESC no mapa europeu e internacional, de forma sustentada, estruturada e virada para o futuro”. O BIP esteve à conversa com Ricardo Miguéis, responsável do Gabinete de Bruxelas, que conta como se faz este “caminho de pedras” para alcançar resultados “estruturantes e sustentáveis”.

Como surgiu a ideia/necessidade de criar um Gabinete em Bruxelas?

Se queremos estar verdadeiramente lado a lado com as organizações Europeias congéneres (Fraunhofer na Alemanha, Catapult no Reino Unido, RI.SE na Suécia, Tecnalia em Espanha, entre muitas outras em todos os países da Europa) precisamos de ganhar nova centralidade. Todas estas instituições têm representações em Bruxelas, algumas desde o início dos anos 1990. O INESC TEC, e o universo INESC como um todo, têm hoje a mesma estrutura distribuída e dimensão relativa semelhante a todas as organizações acima referidas. Assim, fruto da visão, iniciativa e abertura das administrações dos cinco INESCs, decidiu criar-se uma representação que coloque o INESC no mapa europeu e internacional, de forma sustentada, estruturada e virada para o futuro.

Que instituições integram o Gabinete?

O Comité de Gestão do INESC Brussels HUB integra o INESC TEC, INOV INESC, INESC ID, INESC MN e INESC Coimbra, tendo assento um Membro designado de cada uma das administrações. Importa referir que o Comité de Gestão do HUB é responsável por aprovar a orientação estratégica (Plano Estratégico a três anos, neste caso será 2020-2022), o Plano de Atividades e o orçamento do HUB.

Qual é a missão desse Gabinete e quais os objetivos que se propõe alcançar?

O INESC Brussels HUB tem como missão posicionar estrategicamente o INESC nos programas Europeus, aumentar a sua visibilidade e credibilidade como organização incontornável em áreas-chave, representar o INESC em plataformas, grupos e estruturas Europeias de relevo, apoiar o desenvolvimento organizacional através de benchmark e colaboração sustentada com outras organizações de investigação, desenvolvimento tecnológico e interface com indústria, dotar os investigadores do INESC de um de um espaço físico permanente de apoio e representação em Bruxelas.

Este é um caminho de pedras. Não se conseguem resultados estruturantes e sustentáveis de um dia para o outro e, como costumo dizer, o sucesso começa em casa. No Plano de Atividades para 2020, agora em fase de elaboração, haverá atividades de formação – por exemplo, sobre como tirar partido dos fundos europeus para a investigação e inovação do Horizonte Europa e outras Direções Gerais da Comissão Europeia – note-se que a nova configuração da CE distribui o financiamento para a inovação entre oito comissários diferentes, da Agricultura à Energia passando pelo Ambiente, Indústria e Mercado Interno, sem esquecer os importantes fundos estruturais, entre outros; como criar as condições e desenvolver propostas de sucesso no European Innovation Council ou no European Research Council. No mesmo Plano teremos eventos de posicionamento e benchmark, entre os quais realço o evento anual do HUB em Bruxelas, desenvolvimento de intelligence que vai do simples mas essencial guia “quem é quem” à análise e influência de políticas públicas relevantes, entre outras atividades cruciais para atingir os objetivos a que nos propomos.

Neste momento, o objetivo de curto-prazo é elaborar um plano de atividades que resulte de uma auscultação dos investigadores e das orientações estratégicas das administrações. Nenhum plano de atividades deve ser escrito na pedra, flexibilidade e capacidade de responder a necessidades e objetivos que surjam ao longo do tempo são características cruciais. Contudo, também não podemos perder foco nos resultados e fazer escolhas baseadas em dados concretos; não só é essencial como ajuda a organização a conhecer-se melhor e a evoluir sustentadamente. Isto tem que ser construído com todos, no contexto e com a compreensão daquele que é um projeto pioneiro a começar e que representa um esforço financeiro e humano que, conjuntamente, iremos transformar num sucesso.

Como funciona?

O INESC Brussels HUB complementa e trabalha em parceria com as estruturas de apoio de cada um dos INESCs, desde projetos a RH ou comunicação. Cada INESC tem um ponto focal que é a pessoa de contacto dentro da organização e assegura uma voz ativa dos respetivos interesses e objetivos no Plano Estratégico e Plano de Atividades. O HUB tem uma estrutura funcional representativa organizada em Work Groups (WG), com Membros designados pelas respetivas administrações dos cinco INESCs. Existem dois grupos permanentes, o WG Funding e o Policy and Operations Board e, como resultado do trabalho que estão a desenvolver (em termos de caracterização financeira, análise de áreas estratégicas nas políticas públicas e instrumentos de financiamento, bem como da capacidade instalada nas cinco organizações), haverá três grupos temáticos com representação dos investigadores das respetivas áreas. Estes grupos trabalharão no sentido de fazer do INESC um player internacional incontornável nesses domínios científico-tecnológicos, reunirão e providenciarão informação privilegiada e serão o veículo para o posicionamento estratégico das equipas em consórcios e estruturas de influência das agendas de financiamento Europeias. Mas também é possível atender a objetivos específicos fora do trabalho dos grupos.

A partir de outubro 2019, haverá um espaço físico disponível no centro do chamado ´bairro Europeu´ de Bruxelas, mais precisamente na Rue du Luxembourg, 3, 3º andar. Fica a cinco minutos a pé dos dois principais edifícios da Direção Geral de Investigação e Inovação da Comissão Europeia (DG RTD), do Parlamento Europeu e da sede da Comissão Europeia e na vizinhança de centenas de outras representações de organizações semelhantes, empresas, regiões, países, plataformas tecnológicas, etc.. No mesmo edifício, por exemplo, encontrarão a representação dos institutos RI.SE, da Suécia, da Volvo, diversas regiões e plataformas europeias. No edifício contamos ainda com dois auditórios que permitem receber eventos de até 70 pessoas e a nossa própria sala permite organizar reuniões até 30 pessoas. Em breve, haverá uma página web do HUB com todos os detalhes.

Como foi o seu percurso profissional até à data?

Tendo começado na investigação há cerca de 20 anos, o meu percurso rapidamente passou para a gestão de organizações de investigação, desenho, desenvolvimento e implementação de política de ciência, tecnologia e inovação. Depois de finalizar um projeto sobre o impacto e o papel dos investimentos da União Europeia na América Latina (e vice-versa) na transferência de tecnologia, inovação e desenvolvimento socio-económico (com foco nas realidades de Portugal e Brasil, que me levou a trabalhar como investigador-residente na FIESP – Federação de Indústrias do Estado de São Paulo), foi no DINÂMIA que tive o primeiro contacto com o meu primeiro desafio na gestão de investigação e inovação, enquanto gestor. Percebi que a chave está em conhecer bem as equipas e ajudá-las a potenciar a sua capacidade no sentido certo, bem como em estruturar processos internos fluídos e funcionais. Iniciei um caminho na política pública, integrando a equipa da Eng.ª Virgínia Correia e do Prof. Eduardo Maldonado, que tinham acabado de começar o GPPQ – Gabinete de Promoção do Programa Quadro, iniciativa visionária do Ministro Mariano Gago. Fui Ponto de Contacto e Delegado Nacional no 7º Programa Quadro e no Horizonte 2020 e aceitei o desafio que me foi colocado para criar e formar uma equipa e lançar a Unidade de Projetos Estratégicos e Relações Internacionais da Ciência Viva.

Nunca tendo deixado o papel de Ponto de Contacto e Delegado Nacional para as Infraestruturas de Investigação no âmbito do Programa Quadro de Investigação e Inovação, a Direção da FCT, nas pessoas do Prof. Miguel Seabra e Prof. Paulo Pereira, convidou-me a desenvolver o primeiro Roteiro Nacional de Infraestruturas de Investigação de Interesse Estratégico. Envolvemos toda a comunidade nacional de investigação e publicámos aquele que na altura foi considerado um roteiro-referência e boa prática a nível Europeu. Iniciámos um caminho que nos levou a uma visibilidade e reputação de país profissionalizado e credível na área das infraestruturas de investigação, resultando em posições de relevo no European Strategy Forum on Research Infrastructures (ESFRI), como Chairman do ESFRI Strategy Working Group on Energy, Chairman of the Board of European Marine Biology Resource Centre, Chair of the Science Europe WG on Research Infrastructures, entre outros.

Alargar esta experiência a outras áreas da política de ciência e inovação, foi o objetivo enquanto Chefe do Gabinete da Secretária de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do XXI Governo Constitucional, Profa. Fernanda Rollo, assim como enquanto assessor da administração da Agência Nacional de Inovação, então presidida pelo Eng.º José Carlos Caldeira. A experiência e a visão do Eng.º Caldeira, assim como do Dr. Nuno Lúcio, na administração da ANI, fez com que em pouco tempo, conseguíssemos revitalizar o financiamento base dos centros de interface tecnológico (CIT), que desde 2007 era inexistente e promover o primeiro aviso de abertura de concurso, com recurso a fundos estruturais para co-financiar participação em projetos Europeus. Implementámos, no contexto do Programa INTERFACE, aquele que foi o mais inovador regulamento de financiamento para infraestruturas tecnológicas, totalmente focado em resultados e não no controlo burocrático-financeiro das “faturas do táxi”. Nós só fazemos o que nos deixam fazer: com este mantra sempre presente e com a saída do Eng.º Caldeira da ANI, achei que era hora de aceitar desafios que, por motivos familiares, até então tinha recusado. Foi assim que fui para Bruxelas, onde assumi o cargo de Secretário-Geral Adjunto do CESAER, a associação Europeia de universidades de ciência e tecnologia e, desde junho deste ano, iniciei funções como responsável do novo escritório de representação do INESC em Bruxelas.

Há perspetivas de alargamento da equipa no futuro?

Sim. A dimensão do desafio obrigará a alargar a equipa logo que a estrutura inicial esteja montada e em andamento. Estes gabinetes necessitam de uma estrutura pequena, mas muito profissional e eficiente. A componente principal é assegurar os interesses das organizações que representa e, em simultâneo, ter a capacidade de representar, organizar atividades e apoiar os investigadores e promover o sucesso da investigação e inovação a longo-prazo. Por outro lado, a formação e capacitação de pessoas nestas matérias é da maior importância, pelo que haverá oportunidades de estágio no HUB, em moldes que definiremos futuramente.

Créditos foto 2 – https://www.knightfrank.co.uk
Créditos foto 3 – http://www.archiwind.be